sábado, 5 de janeiro de 2013

Trilha sonora para partidas de RPG

RPG é a abreviação de "Roleplaying game", que em português seria "jogo de interpretação de papéis". O jogo consiste em criar um personagem, com a ajuda de um mestre que cria a história, se tornar o personagem central para o desenvolvimento da trama. Normalmente uma partida de RPG é composta de um mestre/narrador, que desenvolve o enredo e é responsável por todos os personagens que não são aqueles controlados pelos jogadores, e por pelo menos um jogador, apesar de alguns mestres preferirem desenvolver a história com mais jogadores. 
O RPG tem como objetivo primeiro a interação lúdica entre os participante, mas existem estudos que mostram seu valor em outros campos de desenvolvimento intelectual e como ferramenta pedagógica, como tenta mostrar a professora Sonia Rodrigues, doutora em literatura pela PUC-Rio, em seu livro "Roleplaying Game e a pedagogia da imaginação no Brasil".
Muitos mestres/narradores de RPG se utilizam de diversos artifícios para possibilitar maior imersão em suas partidas. As possibilidades são muitas, desde preparar o ambiente em que os jogadores se encontram para se divertir, até usar fotos e mapas com imagens para o jogador visualizar melhor onde está, facilitando e potencializando, assim, a descrição. Um destes recursos é a trilha sonora e é sobre ela que iremos falar neste texto, mas antes de falarmos sobre a utilização do som na partida de RPG, vamos falar um pouco sobre a história da trilha sonora no teatro e no cinema.

Trilha sonora no Cinema, breve histórico:
O cinema nunca foi totalmente mudo, havia antes uma dificuldade de sincronizar o som à imagem, mas o som sempre esteve presente. A estranheza que causa a nós, espectadores, uma imagem completamente silenciosa ou o som dissociado da imagem pode impossibilitar até mesmo a compreensão do que está sendo visto ou ouvido. Acompanhar imagem sem som é incômodo, e isso não se deve à cultura recente televisiva, remonta de bem antes. Encontramos exemplo disso no teatro Grego clássico, quando as cenas da tragédia grega eram acompanhadas pelos sons dos côros cênicos ou ditirambos. Como afirma o professor Filipe Mattos de Salles, doutor em Comunicação e Semiótica pela PUC/SP:
“O mesmo ocorreu no cinema, desde sua criação pelos irmãos Lumière em 1895. O fato é que o som no cinema sempre foi importante, enfatizando, criando ou até redundando climas narrativos na imagem. No cinema mudo, havia um pianista nas salas de concerto encarregado de criar estes climas nas cenas, improvisando sobre um repertório próprio conforme sentia as imagens, e que geralmente cumpriam uma função meramente ilustrativa. Nas salas mais afortunadas podíamos até encontrar orquestras inteiras tocando, muitas vezes com partituras originais para o filme.”
SALLES, Filipe Mattos. A Origem da Trilha Sonora.
Com o advento do sistema de sonorização no cinema com a famosa máquina VITAPHONE lançada em 1927, foi repensada a função do som nos filmes com a possibilidade não só de utilizar música, mas também diálogos e ruídos. A evolução do som no cinema para encontrar cada vez mais a imersão do espectador e atingir a atmosfera necessária para potencializar a narrativa utiliza-se muitos recursos mas a trilha sonora é fator quase que indispensável para atingir estes objetivos. Muitas vezes é comum que a história e a música tenham ligação inseparável como diz novamente o professor Fillipe Mattos de Salles:
“Então caminham lado a lado, a história e a música (…) Nestes casos o clima é substancialmente bem construído, pois o diretor já sabe como trabalha o compositor antes mesmo da partitura estar completa.”
SALLES, Filipe Mattos. A Origem da Trilha Sonora.
Grandes compositores criaram verdadeiros marcos para o som no cinema, levando fãs do mundo inteiro a lembrar mais facilmente da música do que de imagens do próprio filme. Podemos citar alguns exemplos:
“Psicose”, filme dirigido por Alfred Hitchcock e trilha sonora assinada por Bernard Herrmann: 



“Tubarão”, filme de Steven Spielberg e trilha sonora de John Williams:

“Carruagens de Fogo”, direção de Hugh Hudson e trilha assinada por Vangelis:

“2001 – Uma Odisséia no espaço”, direção de Stanley Kubrick e música "Assim falava Zarathustra" de Strauss.

O RPG e o som:

Os mestres/narradores podem sim utilizar o som como forma de ajudar a construir uma atmosfera mais específica e empolgante. É comum que no planejamento da partida o mestre/narrador escute uma música para deixá-lo mais sensível a atmosfera que a cena exige, ajudando os jogadores na imersão do cenário que ele está planejando. Neste momento a criação da cena pode ficar associada a alguma música, e levar esta música para a mesa de jogo é um artifício que pode possibilitar aos jogadores estarem na mesma emoção do mestre/narrador no momento da criação da mesma. Também é comum a utilização de uma música ambiente para climatizar o cenário e deixar os jogadores envolvidos naquela ação ou cena que está se desenvolvendo. Assim a música torna-se um elemento que ajuda na narrativa e deixa o jogador cada vez mais dentro da cena, assim como acontece no cinema com os espectadores, sendo que aqui o jogador é um elemento ativo na ação, o que torna ainda mais empolgante.

A utilização da trilha sonora nas partidas possibilita uma força a mais na imersão dos jogadores e mestres/narradores e, sem dúvida, é uma rica ferramenta para compor uma partida de RPG.

Sugestões de trilhas sonoras:

Vampire The Dark Ages: Vangelis, Cantos Gregorianos, Virgin Black, Arcana.

Mage The Ascension: Diary of Dreams, Autumn Tears, Alice in Chains, Tool, Lacrimas Profundere.

D&D: Trilha Sonora de O Senhor dos Anéis, Blind Guardian, Arcana, Midnight Syndicate Official D&D Soundtrack.

Shadowrun ou CyberPunk: Diary of Dreams, Raps variados, Trilha sonora de Vangelis para o filme Blade Runner, Poets of Fall, Umbra Et Imago, Imago Mortis.



Ass.: Soares Júnior.




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